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domingo, 6 de abril de 2014

ELIANE BRUM E DANIELA ARBEX CONVERSAM SOBRE HISTÓRIAS DE 'ANÔNIMOS'


São muitas as características e afinidades que unem Eliane Brum e Daniela Arbex. Jornalistas jovens e premiadíssimas, as duas combinam o rigor quase obsessivo (no bom sentido) de apuração com uma profunda e brilhante capacidade narrativa. São estupendas contadoras de histórias, sempre sintonizadas com a defesa dos direitos humanos e preocupadas a todo instante em garantir a fala aos chamados 'anônimos' da sociedade, personagens do nosso cotidiano que raramente encontram espaço para fazer reverberar suas vozes.

Em "O olho da rua", lançado em 2008 (editora Globo), uma coletânea de dez reportagens, Eliane escreve com maestria sobre temas tão distintos como a rotina das parteiras do Amapá, as angústias e esperanças de idosos que vivem num asilo e os 115 dias que passou ao lado de uma paciente terminal de câncer.

Em seu livro mais recente, "Holocausto brasileiro", publicado em 2013 (Geração Editorial), Daniela Arbex mergulha fundo na investigação sobre um manicômio que existiu na cidade de Barbacena, Minas Gerais, e onde morreram cerca de 60 mil pessoas, a maioria internada à força e sem recomendação médica, por conta de maus tratos, isolamentos forçados e choques elétricos, em mais uma horrenda constatação da nossa incapacidade de respeitar e de conviver com os diferentes.

Nas duas obras, é admirável a sensibilidade das autoras - emocionam e tocam fundo, chacoalham, fazem o leitor estremecer, pensar, sair incomodado e diferente de cada narrativa, sem em momento algum escorregar ou resvalar no sensacionalismo, no exagero, no espetáculo. É jornalismo literário, do melhor quilate.

Poder encontrar as duas juntas é um privilégio. No vídeo abaixo, lá estão elas: é a íntegra do encontro realizado no dia 1 de abril, no teatro Sergio Cardoso, em São Paulo, e que marcou o "esquenta" do VII Festival da Mantiqueira, que ocorre na cidade de São Francisco Xavier. As duas conversam sobre suas obras e carreiras, num delicioso banquete de ideias e boas histórias.

"Eu acho que o que a gente tenta fazer é mudar o olhar que se lança sobre as histórias e transformar a percepção das pessoas sobre as situações", diz Daniela. "A minha escolha sempre foi buscar os desacontecimentos, as histórias daqueles que estavam à margem das narrativas", completa Eliane.

A mediação foi do também jornalista Ivan Marsiglia.


     

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